domingo, 30 de janeiro de 2011

Deus, por favor!!!




Deus Me Dê Grana
Camisa de Vênus


"Senhor vou lhe falar
Nunca pedi assim
Sempre rezei pros outros
Mas desta vez é pra mim.
Perdi tudo que eu tinha
Sei que fiz muita besteira
Mas se você não achar meu bolso, Deus
Por favor coloque na carteira."


Se eu fico aqui parado nesta bobeira sem fim
Logo, logo "os homi" vão estar atrás de mim
Você tá numa boa, é o dono do paraíso
Então me empresta uns trocados, Deus, é só disso que eu preciso


Deus, me dê grana
Deus, por favor
Deus, me dê grana
Seu filho tá na de horror
Seu filho tá na de horror


De manhã bem cedo alguém bate em minha porta
É a proprietária que eu sonhei estava morta
Pulo pela janela na maior correria
Mas é muito difícil, Deus, com a barriga vazia


Deus, me dê grana
Deus, por favor
Deus, me dê grana
Seu filho tá na de horror
Seu filho tá na de horror


Quando passa aquela loira que mora aqui do lado
Só de imaginar eu fico super excitado
Mas como eu posso amar uma treta decente
Se até me falta pasta, Deus, pra escovar os dentes


Deus, me dê grana
Deus, por favor
Deus, me dê grana
Seu filho tá na de horror
Seu filho tá na de horror


Senhor, eu sei que você é gente fina
Sei também que dureza nunca foi a minha sina
Aceito de bom grado uma bolada qualquer
Pode me dar em cheque, Deus, ou em dollar se puder


Deus, me dê grana
Deus, por favor
Deus, me dê grana
Seu filho tá na de horror
Seu filho tá na de horror (2x)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Poema Anarquista II

Mais um do Poeta Livre, também postada na Anarquismo em 23/01/2011:


Herdei a pobreza da minha família.
Falida há dez mil anos atrás.


Propriedade que priva. Protegida.
Sou privado.
Privada abaixo.


Trata-se de obrigar a solidariedade?
Hoje vai ter marmelada?
Não quero viver te pedindo nada.
Isso não é de vontade.
Nem de verdade.


É de mentirinha.
Não tem sangue nem nada.
Só o que passa adiante.
Manchas no chão da batalha?
Ilusão.


Porcos no chiqueiro tremem de medo.
Anarquistas estão famintos por um bom churrasco.
Churrasco de todas as privações da desigualdade opressiva.
Agressiva.


Nesse armagedom, vejo humanos se dizendo pós-tudo.
Quanta prepotência.
Mas aguardem.
Logo sentirão da nossa força, a potência.


Desertores ou infiltrados?
Seres inflamados,
defendendo a defesa de suas defesas
contra quem quer que seja.


Nem querem mais saber de solução.
Só em gozar sua ilusão,
de um mundo sem coração.
Quanta pretensão...


Mas da história não sabe o terço.
Se eu te contasse que um cachorro amigo meu foi quem teve a coragem de me latir
Ah, se eu te contasse que ele me disse:


"Correr atrás do próprio rabo
é bom pra quem tem rabo doce."


Você nem estaria aqui,
falando em nome dos nossos inimigos.
Não, nem estaria.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sim, o Lobo

Minha singela homenagem a JOHN LOCKE:




O Lobo
Pitty
Composição: Pitty

Houve um tempo em que os homens
Em suas tribos eram iguais

Veio a fome e então a guerra
Pra alimentá-los como animais
Não houve tempo em que o homem
Por sobre a Terra viveu em paz
Desde sempre tudo é motivo
Pra jorrar sangue cada vez mais.

O homem é o lobo do homem!
O homem é o lobo do homem!

Sempre em busca do próprio gozo
E todo zelo ficou pra trás
Nunca cede e nem esquece
O que aprendeu com seus ancestrais
Não perdoa e nem releva
Nunca vê que já é demais.

O homem é o lobo do homem!
O homem é o lobo do homem!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Calem a boca nordestinos!

A eleição de Dilma Rousseff trouxe à tona, entre muitas outras coisas, o que há de pior no Brasil em relação aos preconceitos. Sejam eles religiosos, partidários, regionais, foram lançados à luz de maneira violenta, sádica e contraditória.

Já escrevi sobre os preconceitos religiosos em outros textos e a cada dia me envergonho mais do povo que se diz evangélico (do qual faço parte) e dos pilantras profissionais de púlpito, como Silas Malafaia, Renê Terra Nova e outros, que se venderam de forma absurda aos seus candidatos. E que fique bem claro: não os cito por terem apoiado o Serra… outros pastores se venderam vergonhosamente para apoiarem a candidata petista. A luta pelo poder ainda é a maior no meio do baixo-evangelicismo brasileiro.

Mas o que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”.

Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos “amigos” Houaiss e Aurélio) do nosso país.

E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!

Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!

Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?

Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?

Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?

Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos… pasmem… PAULISTAS!!!

E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.

Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.

Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura…

Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner…

E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melofias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia…

Ah! Nordestinos…

Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura? E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros á força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país? Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?

Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.

Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!

Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!

Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário… coisa da melhor qualidade!

Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso… mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!

Minha mensagem então é essa: – Calem a boca, nordestinos!

Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.

Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.

Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”

Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!


José Barbosa Junior, na madrugada de 03 de novembro de 2010.


FONTE: BOATEMÁTICA

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Poema Anarquista

Belo poema postado em 23/01/2011 na comu Anarquismo, pelo perfil anônimo Poeta Livre:


Humanos cansados de lutar.
Humanos sem esperanças.
Pessoas tristes.
Glamurosas.


Homens rendidos a uma ilusão:
O mundo acaba em um presente eterno.
Esse.
Essa eterna mudança, que nunca muda.


Homens vivendo um dia de cada vez,
como se fosse alguma coisa,
como se isso significasse mais do que
"viver um dia de cada vez".


Homens desesperados.
Chorando baixo.
Mortos.
Medíocres.


Só sabem pensar que o mundo acaba agora.
Que o mundo já acabou,
que tudo morreu,
que na desgraça mórbida pode haver luz,
além do brilho viscoso de qualquer ferida.


Homens mortos dentro das próprias cabeças.
Medrosos.
Covardes.
Populares.


Desertores ou infiltrados?


Velhas forças arruinadas sussurram em meu ouvido.
Estrondos se fazem.
Sinos badalam.
Ventanias assobiam.


E eu, molhado, debaixo da tempestade final,
vejo discretamente
que apesar de débeis imaginações pós-modernas,
ainda há esperança de olhares além.
Ainda restam os anarquistas.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A Tribo dos Elfos da Floresta

A chuva diminuiu, transformando-se numa garoa fria. Ainda chocados pelas revelações da elfa, os três rapazes caminhavam no mais absoluto silêncio, no que eram acompanhados por Raphael, que tinha seus próprios motivos para permanecer calado. Lia andava à frente do grupo, absorta em seus pensamentos. Ainda não sabia o que fazer quando chegasse à tribo. Seja como for, o rei estava morto, e não tinha uma rainha. Isso representava um grande problema, pois a Tribo dos Elfos da Floresta vem de uma linhagem milenar, e o Rei Ivellius era o último descendente dos seus fundadores. A tribo não se reergueria sem um soberano legítimo. Há trinta anos ela vivia com a certeza de que seu lar havia sido destruído pelos drows. Agora não sabia mais o que pensar.

Um leve estalo fez com que a elfa parasse de chofre. Os rapazes olharam atentos ao redor. Lentamente, três lobos saíram das sombras das árvores. Kraven e Dart, que estavam à frente, desembainharam as espadas.

O primeiro lobo saltou em cima da garota, que estendeu as mãos e agarrou sua pata, fazendo-o tremer e cair, como se tivesse recebido uma descarga elétrica. Os outros investiram contra o bardo e o guerreiro, que em pouco tempo deram cabo deles.

– Até que enfim, alguma diversão! – exclamou o elfo, fazendo seus companheiros rirem e descontraírem-se.

Continuaram caminhando em silêncio, porém menos tensos. Atentos, seguiram a marcha pela trilha que a garota começava a ter dificuldades em identificar. Há anos ninguém passava por ela, e a vegetação estava tão espessa em alguns trechos que eles praticamente tinham que refazê-la. À tardinha aproximaram-se novamente do leito do rio, e a trilha ficou mais nítida por causa das pedras. Lia recordou-se de seus passeios de infância até a pequena corredeira pela qual estavam passando, e viu as pedras onde brincava com seus amigos.

– Estamos perto agora. – murmurou, mais para si do que para os outros. – Chegaremos antes do anoitecer.

A cada passo que davam o coração da elfa reverberava no peito. A trilha parecia ter sido usada há poucos dias. Os rapazes perceberam, e tornaram-se mais cuidadosos. Lia desceu a encosta, seguiu a trilha que serpenteava por entre as árvores e começou a andar mais devagar, olhando para cima. Raphael a seguiu, olhando em volta. Quando se aproximou da garota, ela o afastou com o braço, e seguiu em frente. Os outros pararam, atentos.

– AMAKIIR!!! – gritou. – ONDE ESTÁ AMAKIIR, ELFOS DA FLORESTA?


Trecho de FLORESTA ESMERALDA