terça-feira, 2 de novembro de 2010

#BrasilUnido ou "neo-nazismo à brasileira"?



Hoje me deparei com mais um capítulo da intolerância na internet. Tropecei sem querer em uma hashtag no twitter, a #OrgulhoDeSerNordestino, e me assustei. Fazia tempo que não escrevia nada aqui, muito por causa da DORT/LER que eu adquiri, mas essa tag me deixou bastante revoltada. Quem me conhece e/ou acompanha meus passatempos prediletos (escrever, jogar/mestrar RPG e curtir boa música) sabe que em 2008 estive em São Paulo, por ocasião do lançamento da antologia ANNO DOMINI da Andross, com um de meus parcos contos, A Filha da Parteira.
Adorei estar lá, apesar de por muitas vezes sentir falta das estrelas e do horizonte (às vezes, até mesmo do sol), e adorei conhecer pessoas lá, fossem elas paulistanos, paulistas, cariocas, mineiros, cearenses e rever meus amigos baianos que lá me abrigaram carinhosamente.
Infelizmente nem todos percebem que vivem em uma cidade que reflete toda diversidade do nosso país, pois lá se encontram pessoas de todos os lugares desse belo país (mesmo os mais longínquos e lendários, como o Acre), quiçá de todo mundo, e é isso que faz com que Sampa seja comparada (e comparável) a New York.
Lamentavelmente, parece que uma minoria cujas atitudes me fazem incapaz de escolher um adjetivo ameno para incluir na frase aprendeu com os norte-americanos uma das coisas que eles tem de mais detestável: o neo-nazismo.

Sim, porque desde 2007 que acompanho os movimentos racistas e/ou nacional-socialistas em redes sociais da internet, como o orkut. Na verdade, este é um dos meios prediletos que estes "cidadãos do mal" utilizam para disseminar o ódio e a intolerância. De criar comunidades ao estilo "Devolvam o Nordeste pra África" a hackear perfis de donos de comunidades anti intolerância (como fizeram com a Anti-Racismo/Anti-Nazismo), ou mesmo se mostrando abertamente em comunidades de grande porte, como a HISTÓRIA (por sinal a maior do orkut) e Anarquismo (da qual me tornaram moderadora para ajudar a combater essas pragas) pregando o retorno da Ditadura Militar, promovendo ideais Integralistas, Nacional-Socialistas ou mesmo Nazistas e Neo-Nazistas (modelo norte-americano, um pouco diferente do nazismo alemão), criação de blogs e associações como os "Homens De Bem" (HDB), estes "seres" usam tudo que lhes vem ao alcance para fazer apologia à tortura, ao machismo exacerbado, agressões homofóbicas e anti-nordestinos, e toda essa coleção de atos e posicionamentos estúpidos que têm o poder de nos fazer ter vergonha de ser-mos seres humanos.

Pois bem, uma pequena amostra do que esses "Trolls" podem fazer tomou proporções gigantescas de ontem para hoje no twitter. Motivo? Este:











Para quem ainda não percebeu a gravidade do assunto, isso é apenas um claro reflexo do que a disseminação indiscriminada desse lixo ideológico é capaz. O discurso fascista "remasterizado" contribui enormemente para o aumento e proporcional fortalecimento desse lixo ideológico que seres humanos conscientes e/ou de bom coração abominam. Não são mais adolescentes problemáticos por trás de perfis fakes que procuram gerar discussões polêmicas em redes sociais, é um preconceito claro diluído em doses tóxicas de sarcasmo e ironia, contra as mulheres, os negros, os nordestinos, os homossexuais, os judeus, os africanos, etc.

Abaixo, mais uma pequena amostra do que é capaz a desinformação, a despolitização e a veiculação descontrolada de assuntos desse naipe na internet:










Talvez vocês agora pensem "isso é besteira, eles não vão sair da internet". Bem, eles são fakes, mas não são fantasmas, ou não? Além do mais, um deles chegou a me ameaçar, dizendo morar em Itapetinga/BA. Segundo a criança, ele é gaúcho, e veio para a Bahia porque o pai foi transferido no trabalho. Eis o perfil do "neo-nazista baiano":






Diante do acontecido e do exposto, tenho algumas considerações a fazer. "Eu sou soteropolitana, eu sou baiana, eu sou de Salvador" com muito orgulho, AMO minha Bahia e meu Nordeste, AMO meu Brasil, AMO minha pátria e minha gente, e JAMAIS deixarei de lutar contra o preconceito, a xenofobia, a intolerância, a violência, seja ela física ou psicológica, e principalmente, à agressão de pessoas mais fracas e/ou incapazes de se defender, como crianças, idosos, gestantes, deficientes, e quem quer que seja! Abaixo, um pequeno manual de reconhecimento dessas aberrações:



E para encerrar a conversa, fica novamente a dica: V for Vendetta, ou "V de Vingança", é um filme/HQ que vale a pena assistir nesses tempos duvidosos de ódio, intolerância e estupidez. Preparem a pipoca, e bom filme!




Beijokas a todos!!!

3 comentários:

  1. Olá!

    Teu texto é impecável. Você é uma alma generosa, sublime! Concordo com cada linha, cada palavra, cada sentimento de espanto que você escreveu. É assustador. Aqui em São Paulo há um grupo de jovens balofos de ideias denominado "São Paulo para os paulistas". São uns pensamentos imbecis que é de dar dó, eles têm até uma "Constituição" pronta e lista de assinaturas; costumam se reunir no MASP, um museu que fica na Avenida Paulista. Muitas vezes não entendo como as autoridades permitem esta coisas em local público, e mesmo nas propriedades privadas. A reivindicação de que tudo é "democracia" deve estar alienando as pessoas; só pode.

    Apóio tuas ideias. E mais: caso você precise de alguém para divulgar tua luta contra o preconceito, o fascismo e todo tipo de discriminação, estou às ordens daqui.

    Ah, desculpe-me escrever tanto assim no comentário do teu blogue, mas o caso é muito impressionante. Atrevo-me, inclusive, a deixar-lhe o link de um texto de algumas coisas horríveis que penso estarem acontecendo no território brasileiro: http://blogdoricardonovais.blogspot.com/2010/05/identidade-brasileira.html

    Um grande abraço,
    Ricardo Novais.

    ResponderExcluir
  2. Cuidado com a generalização em relação aos norte-americanos. Nem todos são assim, pois tenho conhecimento do povo de lá.

    ResponderExcluir