quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Gótica e o Cristo - Anne Rice


Existem muitas narrativas e personagens famosos ao longo do curso da História humana. Mas eu acredito que nenhuma história seja mais famosa ou tenha mais versões e estilos do que aquela que narra a vida do nazareno cujos atos não só foram o mote pra derrubar um império, como fundaram as colunas da religião e da civilização moderna. Bem, escrevo tudo isso somente para falar de uma das versões dessa história. Mas não acredito que seja somente "uma versão".

Em sua saga romântica, intitulada "Cristo Senhor", Anne Rice consegue passar a imagem de um cristo humano (e criança!), extremamente suscetível a fracasso e erros, aprendendo e convivendo com os mesmos.



No primeiro volume, intitulado "A Saída do Egito", observamos a infância do Messias, onde ele começa a tomar consciência do quão diferente é das outras crianças, e busca o motivo para essas diferenças.
 
 


No segundo volume, "O Caminho para Caná", Jesus, ou Yeshua bar José, já cresceu e está a beira de se tornar uma lenda. Já tido como o Escolhido, ele conclama o povo de Israel a que siga sua liderança.

Duas coisas em que os livros chamam a atenção: a primeira é sua narrativa em primeira pessoa, o que por si só já pode torná-lo extremamente polêmico, pois mergulhamos nos pensamentos e sentimentos do Cristo, tanto criança quanto adulto, compartilhando de suas dúvidas, de seus medos, de seus sentimentos, enfim, de suas humanidades. Aqui, percebemos a divindade, mesmo quando ela parece humana... Na verdade é esse paradoxo que nos revela o divino no Homem.

O segundo ponto é a exaustiva pesquisa histórica feita pela autora. Ela não se preocupa somente em narrar os eventos de acordo com a bíblia, mas desenvolve uma contextualização histórica riquíssima, não só dos cenários, mas dos próprios personagens, o que nos dá uma forte sensação de coesão e coerência no texto.

Somados esses recursos, ao tema extremamente instigante e ao estilo de Anne Rice, temos uma obra fantástica. Excelente leitura, que eu estou aproveitando e indico àqueles que desejam ter uma visão mais humanizada de Cristo, sem no entanto perder o caráter divino.


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