sábado, 12 de fevereiro de 2011

DUNA, uma jihad nas estrelas!



Sabem, eu sempre fui um grande fã do gênero de Ficção Científica, a famigerada Sci-fi. Não importa em que mídia, fossem livros, filmes, tv, games, música, o gênero sci-fi sempre exerceu sobre mim um enorme fascínio, e não só pela quantidade de elementos fantásticos envolvidos, mas pelos problemas tão humanos que esse gênero costuma levantar, problemas esses que nos são muito familiares, mesmo quando observados em sociedades aparentemente distintas da nossa.

Bem, e por isso mesmo, como bom fã de sci-fi sempre achei um pecado nunca ter lido Duna, de Frank Herbert. Sempre ouvi falar por amigos mais velhos, vi o filme de 1984, mas nunca havia lido o livro, e isso por diversos motivos: falta de dinheiro, de tempo, ou simplesmente de oportunidade, já que era um livro difícil de ser encontrado em português. Bem, agora com a iniciativa da editora Aleph, tive a oportunidade de ler Duna, e devo dizer, que a fama de grande clássico da Ficção Científica é totalmente justificada, o livro é absurdamente bom.

Pra quem nunca ouviu falar e está boiando, a história de Duna (Aleph, 2010) se passa no ano de 10.191 d.C, em um momento onde a humanidade já se espalhou pelo universo, dividida em casas nobres e liderada por um governo imperial tirânico. Essa sociedade é extremamente dependente de uma especiaria conhecida como melánge, uma substância capaz de expandir a consciência humana e sua percepção sobre o tempo e o espaço em níveis cósmicos, permitindo viagens espaciais. A especiaria é produzida somente no desértico planeta de Arrakis, conhecido como Duna.
É nesse cenário que surge Paul Atreides, filho do duque Leto Atreides e de Lady Jessica, uma bruxa pertencente a uma ordem de sacerdotisas chamadas Bene Gesserit. Paul está destinado a ser uma espécie de messias ou escolhido, o Kwizats Haderach, e cumpre seu destino ao liderar os Fremen, povo guerreiro do deserto de Duna, contra os traiçoeiros Harkonnen, família inimiga da sua.

A história carrega consigo peculiaridades próprias e que nos soam muito familiares, a começar pela organização feudal dos humanos, com cada planeta sendo governada por nobres. O elemento religioso também é importante, talvez sendo um dos elementos focais da história. A religião central do universo é uma espécie de soma entre nossas religiões judaico-cristãs e zen-budistas, além claro do forte paganismo presente na imagem das Bene Gesserit, que lembram os cultos celtas e gaélicos a deusa. Mas talvez o que mais me chamou atenção aqui são os fremen, nitidamente baseados em beduínos do deserto e na cultura árabe, com fortes inspirações maometanas.

E é entre os fremen que outro poderoso elemento da narrativa surge, o messianismo, pois Paul se torna Muad'Dib, uma espécie de profeta, que lidera os fremen em seu caminho de andarilhos do deserto a conquistadores de Arrakis e depois do universo. Herbert leva Paul por esse caminho se utilizando do clássico recurso da jornada do herói, o que torna o livro ainda mais denso e intenso, e torna Paul Muad'Dib um dos maiores heróis da ficção, uma mistura de Moisés, Jesus Cristo, Maomé e Buda. Mesmo a idéia da guerra religiosa, a Jihad dos Fremen, conduzida por Paul, é vista por um olhar nobre, apesar das reservas iniciais do herói.

E o que dizer dos colossais vermes da areia, os "velhos do deserto"? bom, nesse caso é melhor não falar nada, realmente, é melhor simplesmente se descobrir lendo...O universo criado por Frank Herbert não é só rico, mas conciso e extremamente coerente, e Duna pode ser mesmo comparada a Terra-média tolkeniana, ganhando vida no livro, e muitas vezes sendo um personagem próprio.

Quando a edição, bem, ela está muito boa. Tem alguns problemas grosseiros, como erros de tradução ou erros ortográficos que poderiam ser corrigidos, mas no geral, a edição é boa. A capa tem uma bela arte, apesar de simples, o livro acompanha todos os apêndices da novela original. Além do mais vale pela iniciativa da editora, que começa a publicar clássicos sci-fi no Brasil e pretende trazer os outros volumes de Duna caso a resposta a este primeiro livro seja boa.

Bem, fica a dica então do livro, para os nerds e leitores vorazes de plantão ou simplesmente aqueles que curtem uma boa leitura.

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